sábado, 8 de março de 2014

Sobre negras prisões, ou existências.

O choque dos corpos- Newtoniana melodia- Uma sinfonia de sussurros inaudíveis para quem existe além do quarto. Existem? Pois sim? Regresso minha mente ao quarto. A cama. Aos corpos. Aos choques, agindo e reagindo, pequenos gestos me indicam os passos a seguir. Totalmente inexperiente do seu corpo, tateio como um cego sem cão, sem mãos. A língua, sedenta, mapeia cada recanto, cada guta, cada depressão de tuas coxas. Imerso em suor, mergulho em ti, obliterado, estasiado, vacilante. Deliro, suspiro, desejo, não paro, já exausto, não paro. Tal qual uma criatura marinha, emergindo das imensidades profundas dos abismos, teu gozo vem, devagar...Explode na superfície, rompendo o tímido e frágil véu que me protegia das tuas vastidões inexploradas - por mim- e me joga num limbo, numa dimensão além. Não me recomponho, nunca me serei meu novamente. O quarto, a cama os outros pararam no tempo, às três da manhã e ainda estão lá... Eu ainda estou lá. Ermitão - perdido por querer- assentado de assalto, arma em punho, sem retorno, na posse dos terrenos das tuas coxas negras, teu ventre fértil e teus seios pagãos.
Amar-te? Não existe - Existe o choque dos corpos,os sussurros, a sinfonia. Além disso, nada mais é do que ilusão prolongada, deleite da lembrança...Prisão que me pus por vaidade.

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